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Laminite em equinos: entenda os riscos dessa doença e saiba como identificar seus primeiros sinais

02/06/2013

 

Prof. Rafael Faleiros

Rafael Resende Faleiros é Professor Associado da Universidade Federal de Minas Gerais e Pesquisador do CNPq, com Pós-doutorado em Laminite Equina pela Ohio StateUniversity. Tem orientado vários trabalhos de pesquisa visando o diagnóstico precoce e o tratamento da laminite em equinos. E-mail: faleirosufmg@gmail.com 
 
 
A laminite, também conhecida com aguamento, é uma doença que vem trazendo grandes prejuízos para criadores de cavalos em todo o mundo. Mesmo com todo o avanço tecnológico vivenciado na Medicina Veterinária, ainda não se conhecem ao certo as alterações que acontecem nos cascos de um cavalo com laminite. Assim não existe um tratamento que seja 100% eficiente e mesmo animais de alto valor, que possuem condições de acesso aos melhores hospitais do mundo, ainda perdem seus cascos e muitas vezes têm que ser sacrificados. Um grande exemplo dessa situação aconteceu nos EUA, que perderam o garanhão Bárbaro, um de maiores cavalos de corrida de toda a história.
A laminite pode ocorrer basicamente decorrente dealgumas situações bem típicas. Após a ingestão de grande quantidade de ração ou milho, após uma doença grave (torção intestinal, retenção de placenta, pneumonia, etc), após exercício intenso, principalmente em animais não ferrados e no casco sadio de cavalos que não conseguem apoiar o casco oposto. Este último foi o caso de cavalo Bárbaro, que vinha se curando de uma fratura do membro posterior direito e acabou desenvolvendo laminite no casco posterior esquerdo. Outra forma dessa doença, que vem sendo muito comum na atualidade, é a laminite relacionada à obesidade. Cavalos obesos têm maior chance de desenvolver laminite, principalmente aqueles que passarem por infecções, cirurgias e infiltrações de anti-inflamatórios.  
 
 
O primeiro sintoma visível de laminite é quando o cavalo sente dor intensa em seus cascos dianteiros (mãos). Devido a essa dor, ele joga o peso do corpo para os membros traseiros e fica muito relutante em andar ou elevar uma das mãos. Interessante que a laminite sempre acontece nas quatro patas, contudo ela é mais grave nas dianteiras. Nesta fase, alguns animais, ao receber tratamento adequado, podem se recuperar completamente. Todavia, uma boa parte dos animais, mesmo com todos os cuidados disponíveis, vão ter falha na conexão que existe entre o casco e o osso do casco, conhecido como falange.  Isto causa mais dor, crescimento inadequado do casco, e uma série de complicações incluindo a “rotação” e/ou “afundamento” da falange (Figura 1), podendo esta inclusive perfurar a sola do casco. Nos casos mais graves, o animal pode perder o casco ou passar por um processo de sofrimento tão grande, que justifica seu sacrifício.
 
 
Depois da morte do cavalo Bárbaro, houve uma grande comoção do público em geral e os EUA têm investido milhões de dólares na pesquisa para a prevenção e para a descoberta da cura da laminte em equinos. Apesar de não termos o mesmo apoio, um time de pesquisadores brasileiros tem participado ativamente dessas pesquisas e estamos sempre enviando trabalhos para os principais congressos internacionais. Os avanços em sido muito significativos e estamos cada vez mais perto de entender completamente esta doença e de desenvolver formas mais eficazes e seguras para seu tratamento. 
 
 
 
 
 
Figura 1 – Principais estruturas anatômicas envolvidas no deslocamento da falange causado pelo enfraquecimento de sua conexão com o estojo do casco em cavalos com laminite. Observe a direção dos movimentos de afundamento e rotação da falange (tracionado pelo tendão flexor) em relação ao estojo do casco. 
 
 
Por enquanto, é importante para o criador entender que a melhor forma de evitar que as lesões mais graves aconteçam é iniciar o tratamento mesmo antes dos sinais de dor no casco. Assim, não pense duas vezes em comunicar com seu veterinário e conversar com ele sobre a possibilidade de laminite, caso seu animal tenha algumas das situações de risco apontadas no início deste artigo.  
 
 
Além de prescrever uma terapia efetiva, seu veterinário deverá realizar a acompanhamento radiográfico dos cascos. O raio X é uma importante ferramenta para diagnosticar alterações precoces e indicar qual a melhor forma de suporte para os casos, usando botas, palmilhas e ferraduras especiais e específicas para cada caso. 
 
  
 

 

 

 

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